sexta-feira, novembro 25, 2005

para a maria


Hoje, como em muitos dias, senti falta da menina-outono. Talvez porque a estação já chegou há dois meses. Talvez porque também ela já chegou há poucos meses e eu ainda não lhe consegui pôr o meu cachecol. Tenho saudades de me rir contigo e de cantarmos por sítios que me deste a conhecer. Tenho saudades de me sentir a menina pequenina do acampamento e de te escrever muitos postais.

Hoje, volto a sentir-me pequena. Porque hoje sinto o outono nos dedos que precisam de luvas e no cachecol rôxo que me faz sentir quente quando ando por aí, à chuva. Porque hoje te vejo a rir na música que me chega aos ouvidos do lado de dentro do autocarro, porque hoje o dia é teu.
Um salto para o nada, mas o salto mais alto.
Porque hoje fazes anos e porque eu gosto de ti.

quarta-feira, novembro 16, 2005

no fim do verão


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...e aterrámos em coimbra.
Não conhecia a cidade dos estudantes, será que já conheço? Não sei. Sei só que quando queríamos saber por exemplo onde era a outra casa, íamos à varanda, e do lado direito do nosso plano de visão surgia um braço esticado com um dedo esticado a apontar para o outro cimo de coimbra. "Portanto, é só descer e voltar a subir. É já aqui, a uns dez minutos a pé. Eu levo-vos lá amanhã." - ouvíamos uma voz de um imaginário mundo de cinema. Nesse dia deitámo-nos tarde, e entre morenazos e jogos para crianças, senti-me pequena. O grandioso acolhimento fez-me descalçar rapidamente e tirar fotografias. Senti-me em casa.
Ainda custou descer e subir até à outra casa, porque levávamos todas as malas às costas. Demorámos 25 minutos. Parámos quando as pernas cansaram e foi aí, numa paragem de autocarro, que me apercebi da tranquilidade da sensação de me sentir por aqueles lados, connosco.
Descobrir coimbra já sem malas fez-nos andar a pé a comer chocolates. A melhor sensação foi mesmo a de poder pôr os pés fora de casa, atravessar a cidade até ao rio, descansar, subir até à universidade, comprar postais e poder voltar até à outra casa sem entrar num único transporte público.

A pior sensação foi a de pôr os pés fora de um cais que, com data e hora marcada, deixou sair um comboio de coimbra que, sem data e hora marcada na minha cabeça, nos havia de levar até qualquer outro sítio...

Cidade bonita, para voltar. Sempre.

Saudades ao timon e à zeta, e, claro, à minha fiel companheira de viagens.
Uma tosta mista no quarto e um morenazo trincado em vossa honra.

Para mais tarde recordar?
Não... Decididamente, para mais tarde repetir.

domingo, novembro 13, 2005


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Há coisas que nos enchem a alma, de sorriso ou de choro. Há coisas que só nos fazem realmente falta quando não as temos, outras que sempre nos fizeram falta só pelo simples facto de se encontrarem na sala do lado. Há coisas muito bonitas.

Há coisas efémeras, outras que duram para sempre.

Sem dúvida que há coisas que duram para sempre...

terça-feira, novembro 01, 2005

do outro lado

Não, o sonho não se ia embora. Era tudo sono. Falta de dormir. Tinha dançado na noite anterior, muito. Tinha dançado na noite anterior muitas danças europeias. Talvez por ter andado descalça se sentia mais cansada, os pés mais duros. Mas não. Decididamente, o sonho não se ia embora. Tinha sido só a inês a acordá-la mais cedo nesse dia, o corpo ainda dormente, a cabeça ainda adormecida. E passou assim o seu dia. Não por querer sentir as pálpebras a fecharem-se em cada intervalo mais calmo, mas por querer aproveitar de olhos bem abertos esse feriado, uma terça-feira depois de danças, antes de aulas. E assim sentiu durante todo o dia os seus olhos abertos profundamente fechados. O sonho da noite anterior rolar a cada passo na baixa, palpitar em cada sorriso desprevenido. E assim viveu durante todo o dia as danças da noite anterior e a surpresa da vinda da inês. Os passos em músicas de verão, as gargalhadas de um aprender contínuo, as pernas cruzadas no chão quando o cansaço ofegante a abraçava de tantos saltos.

E não, o sonho não se foi embora. E seria só mais um intervalo de tempo até voltar a rever quem veio dos lados do norte para andanças de inverno. Seria só mais um intervalo de tempo até se voltar a sentir abraçada. Seria só mais um intervalo de tempo até voltar a dançar.

E foi só mais um ínfimo intervalo de tempo até fechar os olhos e voltar a sonhar...