terça-feira, outubro 03, 2006

ela, eu.

Ela achava que os pinguins eram do tamanho ou até maiores que as pessoas.
Ela achava que tudo devia ser "ou sim ou sopas", e disse-o à mãe transbordando os seus sete anos numa rua do bairro alto.
Ela imaginava a segunda, a terça, a quarta, a quinta, a sexta, o sábado e o domingo, e desenhou-os numa ficha da segunda classe.
Ela queria ser caixa de super-mercado, e partilhava desse segredo ultra-secreto só com uma amiga.
Ela tentava descobrir as imperfeições do tecto esculpido do seu quarto quando acordava.
Ela era (é?) muito parecida com a avó Bertinha, e diziam-lhe que um dia ia dirigir o Lar da Criança.
Ela fez dois anos e, entre 30 pessoas da escola, só convidou um amigo para a festa, o antónio, e brincaram o tempo inteiro.
Ela desenhava com o dedo no ar enquanto não conseguia adormecer.
Ela não trocava a "uxa", um urso de peluche com saco cama, "nem por mil contos".
Ela chamava às palavras estranhas de "ratximons", e ria-se.
Ela viu uma estrela cadente e desejou ter um jardim zoológico cheio de girafas.
Um dia, ela entrou para a faculdade.
"Olá, eu sou a Joana e gosto muito muito de sexo."