sábado, fevereiro 11, 2006

Havia muito tempo que não se metia numa caixa de "punts".
Na verdade, fez-lhe bem. Depois de uma semana "intensamente escolar", dançar o corpo seria só uma forma de sacudir todas as responsabilidades. Só por uma noite.
Às vezes sentia mesmo ser preciso olhar à sua volta e ver entre piscares demasiado rápidos de luzes quem dançava consigo. Às vezes, ela própria gostava que a vissem só entre piscares de luzes, que só a vissem metade do tempo. Para sentir no corpo a liberdade de se dançar no invisível, ou no metade-visível. Mas, claro, precisava que a sentissem lá. E sentiu-os, e sentiu-se lá. Estava a precisar. Estava a precisar de se meter numa dessas caixas de que não gostava, só para se sentir a outra pessoa, a que dança e dança a música continuamente igual, e que se esquece. Que se esquece nessas horas que existe o "lá fora".
Dançou e dançou, e, no fim, soube-lhe bem de mais sentir que existia mesmo o "lá fora".
E, no fim da noite, saiu.
"Estava a precisar" de fugir também daquilo.