segunda-feira, março 27, 2006

"Pensar incomoda como andar à chuva."
Nããão, disseram-me. Nem sempre.

"Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais." (Alberto Caeiro)
Sem dúvida.

E é assim que, num fim de domingo, saída de um intensivo estudo pessoano, sinto o corpo naquele estado latente de não querer mexer um dedo do pé, de não querer pensar nem mais um minuto.
A semana esgotou-me, o fim-de-semana cansou-me mais ainda, mas nem por isso me sinto com mais vontade de acabar com estes dois dias que dizem não-úteis (e que por acaso acho bastante úteis). Directamente da secretária para estas letras, deixo escrito que estudar Pessoa não incomodou como andar à chuva. É bom ir reconhecendo palavras e ir redescobrindo momentos matinais passados em encontros do m.c.e., onde em poemas de Caeiro ou em palavras só nossas partilhamos o que nos prende ao chão de terra de dias transparentes.
Gostei. O vento não chegou a crescer e não, nunca precisei do guarda-chuva, porque nunca pareceu chover mais.
Hoje apareceu o sol, e eu vi dragões no teatro do João.