Hoje falámos de números. Discutimos cores e feitios. Deixo a minha visão:
O três, naturalmente azul, é filho do quatro (vermelho), que é uma mãe atenta com grande paciência para o filho e para o marido cinco (verde claro). O seis é pai do cinco e avô babado do três. O sete (mulher laranja) tem uma paixão de infância pelo oito (verde escuro), que, além de nunca lhe ter dado grande troco, é amigo do nove (mulher, amarelíssimo), que se dá muito bem com o dez (a atirar para o vermelho escuro), guardião de todos. O um (preto) é convencido quanto-baste para quem é o primeiro dos números, elementro neutro da multiplicação, elemento neutro da divisão, o único número-primo não considerado número primo, e raíz de si próprio. Afinal, é compreensível tanta vaidade. E quem a atura mais é o dois (amarelo muito escuro, o chamado menino-menina por eu não ter consenso sobre o seu sexo). A partir daqui, as cores das dezenas devem-se à cor do seu número-mãe, exceptuando apenas a dezena dos vintes, que é azul clara sem eu nunca ter percebido por quê. Do dez ao vinte os números são semi-sua-cor-original, semi-acinzentados. A partir do cem tudo começa a esbranquiçar, sendo que a partir do mil tudo é incrivelmente demasiado escuro, e só se tem uma visão geral dos milhares.
Nunca percebi como construí esta "história", talvez por não a ter construído, talvez por ter aparecido tão naturalmente. A verdade é que ela, quase inconscientemente, existe na minha cabeça, sem o meu mínimo esforço.
Portanto, quando falávamos disto hoje, a Rita não teve a mínima noção do que provocou na minha cabeça quando me disse que o três é, sem dúvida, amarelo.