segunda-feira, março 27, 2006

"Pensar incomoda como andar à chuva."
Nããão, disseram-me. Nem sempre.

"Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais." (Alberto Caeiro)
Sem dúvida.

E é assim que, num fim de domingo, saída de um intensivo estudo pessoano, sinto o corpo naquele estado latente de não querer mexer um dedo do pé, de não querer pensar nem mais um minuto.
A semana esgotou-me, o fim-de-semana cansou-me mais ainda, mas nem por isso me sinto com mais vontade de acabar com estes dois dias que dizem não-úteis (e que por acaso acho bastante úteis). Directamente da secretária para estas letras, deixo escrito que estudar Pessoa não incomodou como andar à chuva. É bom ir reconhecendo palavras e ir redescobrindo momentos matinais passados em encontros do m.c.e., onde em poemas de Caeiro ou em palavras só nossas partilhamos o que nos prende ao chão de terra de dias transparentes.
Gostei. O vento não chegou a crescer e não, nunca precisei do guarda-chuva, porque nunca pareceu chover mais.
Hoje apareceu o sol, e eu vi dragões no teatro do João.

quarta-feira, março 22, 2006

silent flowers

quadro de Hundertwasser

Chegou a Primavera. Falta chegar o sol.
Ele vem.

domingo, março 19, 2006

18 de março

Para a menina que me faz viajar de bicicleta em praias.
Por me fazeres entregar ao que desconheço com a vontade que enche uma mochila às costas.
Por me fazeres ir, mas sobretudo por vires comigo.
Muitos parabéns!

quarta-feira, março 01, 2006

Num salto encontrámo-nos lá.
Abraçámo-nos e abraçámo-nos e abraçámos o entrudo em danças que há muito esperavam ser dançadas.
E foi assim que nos perdemos... em músicas tão conhecidas e em passos tão passados, regressámos a nós e recriámo-nos ali, na música que nos dançou pelos três dias. Ali, os horários trocaram-se e vivemos a noite, onde o escuro nos guiava sem medos para os braços de quem há muito queríamos convidar para dançar. Embalámo-nos e fomos embalados por mazurkas, scotishes, circulos e chappeloises, onde um só pulo nos obrigava a trocar de par. Transformámos três dias em três noites, entregámo-nos às notas de música que nos faziam dançar ou mesmo trocar os passos, quando o clarinete não sabia de cor a música dos naragonia. Voltámos a descobrir-nos em andanças que arrancam sempre um grande bocado de nós. Ou seremos nós que trazemos um grande bocado de andanças nos pés que ainda doem?... O espaço continua lá, vazio. Nós regressámos, cheios daquele espaço, cheios daqueles passos.
...e foi assim que nos perdemos.